Há umas semanas atrás, através do blog http://the-boy-with-a-blog.blogspot.pt/ conheci a Kaluxa que escreveu o Livro Diário de uma Gorda. Apesar de não ter lido ainda o livro (que espero ler muito brevemente pois estou super curiosa), tenho seguido a sua página e acompanhado a rubrica Larga Definição que consiste em entrevistas com pessoas gordas.
Ontem, ao ver a entrevista com a artista Elisabete Batista que até então desconhecia mas que agora virei fã (ouçam a voz dela, a sério), revi-me em alguns pontos, como um espelho, da vida dela... ((link do vídeo aqui)
Estamos em Maio. Mês aquele em que andamos eufóricos com os ultimos testes e trabalhos da escola, onde o calor vem por todos os lados e aquilo em que mais pensámos é férias e consecutivamente praia. Pois bem, a Elisabete tocou num assunto que até á 2/3 dias atrás eu pensava ter ultrapassado mas que na hora H percebi que não. O facto das gordas irem á praia.
A Elisabete cresceu na Madeira, rodeada de mar, água e ela explica que desde sempre esteve habituada a este ambiente mas que agora se priva desse lazer devido ao seu peso. Se está correto? Não. Mas... as coisas não são assim tão fáceis. Quer dizer, são. Para aqueles que conseguem se sobrepor aos olhares e ZzZzZz de fundo das pessoas. Mas tal como ela, eu não consigo.
Tem estado um tempo ótimo e no domingo algo me dizia que queria mesmo ir para a praia. Liguei para umas 2 ou 3 pessoas para irem comigo. Estava super empolgada. "Anda lá, vamos" "Mas vem na mesma" foram das frases que mais disse durante 15 minutos. Vesti um dos únicos biquínis que tenho, (sinceramente não me lembro de comprar nenhum) e por incrível que pareça abdiquei daqueles calções pretos que costumo levar sempre (porque se já não gosto de me expor, ás minhas pernas muito menos) arranjei-me, lá coloquei a toalha e água na mochila e fui (acabei por ir só com o meu namorado) mas com uma animação ao rubro. Até lá chegar, tudo bem. O pior foi depois de pisar a areia. Por algum motivo (e claro que sei qual) 1001 pensamentos começaram a girar na minha cabeça. "Vamos para onde estiver menos gente" começou a ser o que mais repetia e nisto, andamos mais de 30 minutos á procura do lugar ideal. Lugar esse que na minha cabeça tinha deixado de existir. As lágrimas começaram a querer cair e a vontade de ir embora cresceu numa velocidade enorme. Eu sentia e sinto que toda a gente fica a olhar. Mesmo vendo que existiam mais iguais a mim. Como se comentassem cada virada na toalha que dou (o que chega a ser estúpido pois secalhar olham e depois deixam estar). Acabamos por conseguir um cantinho e ainda aproveitamos algumas horas de sol. (Só tenho de agradecer a ele por ter tanta paciência comigo e valorizar-me e entender-me acima de tudo, caso contrário tinha-se fartado e tínhamos ido embora logo)
Tudo isto para dizer que, existem muitas Elisabetes e Catarinas por aí espalhadas. Ir á praia devia ser algo para nos divertimos e aproveitar-mos. Mas o saber que somos grandes demais para este tipo de lazer muitas vezes faz com que fiquemos em casa. (Falo por mim que nas férias ando sempre a "fugir" de idas á praia e ao rio com desculpas esfarrapadas para não ter que sair, o que é triste, eu sei).
Aqui, não falo do "Mas vocês são gordas porque querem" ou do "Emagreçam e já podem ir" falo da igualdade que devia ser dada perante todos.
Olhares indiscretos por vezes conseguem magoar mais que palavras.
E como diz a Kaluxa: " "Ser GORDA é ser MAIOR, não é ser DIFERENTE!"
Apesar de ser algo que não devia acontecer infelizmente acontece. Eu por exemplo já deixei de ir à praia nos fins de semana. Praias cheias e eu a andar no meio da população toda a ser julgada não obrigada. Mas esta é a sociedade que criamos onde o que é mais valorizado é a imagem, muitas vezes falsa e retocada mas isto não interessa desde que se enquadre nos parâmetros ditos normais.
ResponderEliminarÉ como digo, olhares conseguem magoar, muito. As pessoas olham e julgam de qualquer forma. E até nós somos capaz de olhar para outra pessoa e a julgar-mos inconscientemente por outro motivo... A sociedade só valoriza aquilo que os mídia dizem ser correto. Só com tempo e paciência as coisas mudaram... Até lá, basta-nos mudar a nossa forma de pensar para que consigamos ultrapassar estes mini obstáculos e fazer o que queremos sem pensar nessas pessoas. Uma luta longa, mas possível.
EliminarUm beijooo